Copom mantém tom cauteloso sobre juros, sem clareza sobre próximas decisões 50123d
A recente ata divulgada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou que a política de juros elevados está apresentando resultados, embora tenha ressaltado que as pressões inflacionárias continuam preocupantes. O documento destacou ainda as incertezas internacionais, especialmente as relacionadas à guerra comercial entre Estados Unidos e China, que podem influenciar negativamente o crescimento global, inflação e futuras decisões sobre taxas de juros nas principais economias.
O Copom indicou claramente que, devido ao atual contexto de incerteza, é necessário manter juros elevados por um período mais longo. Nossa expectativa é que essas pressões inflacionárias internas levem o Comitê a realizar um último aumento de 0,25 ponto percentual na próxima reunião, elevando a taxa Selic para 15,00%.
Dólar volta a subir e fecha em R$ 5,70 após mínima anual
Nesta semana, o dólar apresentou alta volatilidade, chegando a cair para o menor valor do ano, R$ 5,59, logo após a divulgação da ata do Copom, que sinalizou a continuidade da política monetária restritiva. No entanto, preocupações renovadas sobre o cenário fiscal brasileiro reverteram essa valorização, fazendo a moeda norte-americana subir novamente para R$ 5,70.
Serviços têm primeiro recuo trimestral desde 2023
Segundo a Pesquisa Mensal de Serviços, o setor registrou crescimento moderado de 0,3% em março ante fevereiro, levemente abaixo das expectativas do mercado (0,5%). Entretanto, no acumulado do primeiro trimestre de 2025, houve retração de 0,2% em comparação ao último trimestre de 2024, marcando o primeiro resultado negativo trimestral desde o início de 2023. Esses números confirmam nosso cenário de desaceleração gradual da atividade econômica, apesar da sustentação proporcionada por fatores como mercado de trabalho ainda robusto e medidas governamentais de curto prazo.
Vendas no varejo mostram recuperação no primeiro trimestre
As vendas no varejo ampliado avançaram 1,9% em março sobre fevereiro, ligeiramente abaixo das previsões (2,3% XP; 2,1% mercado). Já as vendas no varejo aumentaram pelo terceiro mês consecutivo, registrando crescimento mensal de 0,8%, contra expectativa de 1,0%. O consumo das famílias deve seguir uma trajetória de desaceleração suave ao longo deste ano, influenciado pela inflação elevada e juros altos, embora sustentado pelo mercado de trabalho forte, com expectativa de aumento da massa salarial real em torno de 4,0% em 2025. Dessa forma, projetamos crescimento de 2,5% nas vendas ampliadas para 2025, após uma expansão de 3,7% em 2024.
Ibovespa atinge recorde histórico impulsionado por ata do Copom
O Ibovespa encerrou a semana com ganho de 2,0% em reais e 1,5% em dólares, fechando em 139.187 pontos, sua máxima histórica. O mercado reagiu positivamente ao tom mais moderado (dovish) do Copom, elevando o índice em 1,8% na terça-feira, contribuindo significativamente para o desempenho semanal. Entretanto, notícias sobre possíveis medidas fiscais negativas pressionaram o dólar e trouxeram volatilidade ao mercado, apesar da posterior negação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A temporada de resultados corporativos do primeiro trimestre de 2025 está próxima do fim, com 51% das cerca de 150 empresas cobertas pela XP superando as expectativas de lucro.
Mercados globais avançam com alívio nas tensões EUA-China
Nos mercados internacionais, a semana foi bastante positiva: S&P 500 avançou 5,3%, Nasdaq cresceu 6,8% e Hang Seng Index teve alta de 1,6%, após um acordo temporário reduzir significativamente as tarifas entre Estados Unidos e China. Como consequência, os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos subiram 10 pontos base, chegando a 4,48%, enquanto o dólar teve leve valorização.
Nos EUA, o índice de preços ao produtor (PPI) apresentou queda de 0,5% em abril, aliviando parcialmente as preocupações com a inflação, apesar da deterioração dos indicadores de confiança do consumidor. Os resultados corporativos nos EUA também mostraram força, com 77% das empresas do S&P 500 superando as expectativas de lucro por uma média de 8,3%.
Destaques da bolsa brasileira na semana
Entre as ações brasileiras, a Marfrig (MRFG3) liderou com alta expressiva de 26,3%, após anunciar sua fusão com a BRF (BRFS3), que subiu 8,2%. Em contrapartida, o Banco do Brasil (BBAS3) registrou a maior queda da semana, com desvalorização de 13,1%, devido à divulgação de resultados trimestrais que desapontaram investidores.