Panorama de Mercado 6o2q64
IPCA-15 sinaliza persistência da pressão inflacionária
O índice IPCA-15, considerado uma antecipação da inflação oficial mensal, registrou alta de 0,43% no período entre março e abril, confirmando as expectativas do mercado. Em termos anuais, o indicador mostrou uma aceleração, ando de 5,26% em março para 5,49% em abril.
Entre os fatores que impulsionaram a alta, destacam-se os bens industrializados, cujos preços subiram 0,57%, superando as projeções iniciais. Apesar da previsão de continuidade dessa tendência nos próximos meses, o atual cenário de tensões comerciais internacionais pode provocar uma redução nas pressões inflacionárias devido à possível queda nos preços das commodities e desvalorização do dólar. Nossa expectativa para o IPCA de 2025 permanece em 6%, porém com tendência de baixa.
Câmbio recua com sinalizações de negociações internacionais
A cotação do dólar comercial encerrou esta semana em R$ 5,65, após iniciar em R$ 5,80. Este recuo é atribuído principalmente às declarações do presidente norte-americano Donald Trump sobre possíveis negociações para reduzir tarifas comerciais com diversos países, inclusive a China. Nossa estimativa para a taxa de câmbio ao final deste ano continua sendo de R$ 6,00.
Nova fase do crédito consignado pode impulsionar economia
Nesta semana, o governo iniciou a segunda etapa do programa de crédito consignado destinado ao setor privado. Agora, os bancos estão autorizados a disponibilizar diretamente este tipo de empréstimo aos trabalhadores, que anteriormente só podiam ar simulações pelo aplicativo Carteira de Trabalho Digital. Desde o início do programa, já foram concedidos mais de R$ 8 bilhões em crédito.
Essa medida, associada a outras ações governamentais recentes, deve contribuir para reduzir o ritmo de desaceleração econômica. Diante dessas iniciativas, revisamos positivamente nossas previsões de crescimento econômico para 2025 e 2026, para 2,3% e 1,5%, respectivamente.
Cenário Internacional
Negociações comerciais entre EUA e China seguem incertas
Nesta semana, Donald Trump afirmou que estaria avançando nas negociações comerciais com a China e prometeu reduções substanciais nas tarifas impostas. Entretanto, autoridades chinesas negaram tais avanços, embora tenham manifestado interesse em negociar, inclusive sinalizando possível redução das tarifas sobre certos produtos norte-americanos, como equipamentos médicos e semicondutores.
Adicionalmente, os EUA planejam encontros com 34 países para discutir novos acordos comerciais, sugerindo restrições comerciais com a China como contrapartida para tarifas americanas menores. Em reação, Pequim prometeu retaliar qualquer país que adote medidas prejudiciais aos seus interesses econômicos.
FMI revê projeções e alerta sobre desaceleração global
O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para baixo suas estimativas de crescimento global em seu relatório mais recente. A projeção para o PIB dos EUA em 2025 caiu para 1,8%, contra os 2,7% projetados em janeiro, impulsionada por incertezas relacionadas à política comercial e redução da confiança do consumidor. A probabilidade de recessão norte-americana aumentou para cerca de 40%, comparada aos 25% previstos anteriormente.
O crescimento global previsto foi revisado de 3,3% para 2,8%, e a inflação dos EUA deve atingir 3,0%, superando em 1 ponto percentual a previsão anterior. No Brasil, o FMI reduziu a estimativa de crescimento do PIB de 2,2% para 2,0%.
Indicadores econômicos americanos afastam recessão imediata
Nos Estados Unidos, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) da indústria aumentou de 50,2 pontos em março para 50,7 pontos em abril, acima do esperado. Valores acima de 50 indicam crescimento econômico. Por outro lado, o PMI de serviços caiu de 54,4 para 51,4 pontos, abaixo das expectativas, sugerindo cautela sobre possível desaceleração futura. Ainda assim, os dados atuais não indicam risco imediato de recessão, mantendo o banco central norte-americano atento aos desenvolvimentos futuros.
Economia europeia demonstra sinais de estagnação
O PMI composto da zona do euro, que combina os setores industrial e de serviços, caiu de 50,9 pontos em março para 50,1 pontos em abril, abaixo das expectativas. Esse resultado sinaliza uma possível estagnação da economia europeia, consequência direta das tensões comerciais globais e do ambiente de elevada incerteza.