Salto ou Tênis 6a6c72

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          É engraçado como a vida, às vezes, vira chaves e, de repente, o que fazia muito sentido deixa de fazer. Coisas pelas quais a gente lutava com fervor parecem perder a importância. E pessoas que a gente buscava agradar simplesmente deixam de fazer diferença… 2e6g6l

          Na nossa busca desenfreada por conquistar, acabamos esquecendo de nos satisfazer, porque já iniciamos outra busca pela próxima coisa que vai nos deixar mais felizes. E assim, as pequenas conquistas, as pequenas vitórias, vão ficando esquecidas, em segundo plano, com um meio sorriso de contentamento perdido na imensidão da ansiedade pela próxima conquista.

Ontem, me vi parada, sentada no cantinho do meu sofá, contemplando a sala/copa/cozinha da minha casa. Acho que foi a primeira vez, em quase seis anos, que observei as paredes pintadas da cor que eu gosto, o piso de madeira na tonalidade que acho linda e as cortinas que eu invejava da minha irmã. A luz estava perfeita, e o cheiro do tapete de couro completava a experiência sensorial do meu lar. Tudo está como eu sonhei.

E além! Meu cachorro, deitado aos meus pés, olhava para mim literalmente sorrindo. Sim, esse serzinho ingênuo e peludo me ama e sorri para me mostrar isso.

A casa foi a concretização de um enorme sonho. Foi totalmente planejada, cada centímetro pensado. Depois de pronta, não inaugurei. Não celebrei ou festejei com amigos ou família. Ainda faltavam detalhes para que ela estivesse concluída, e, afinal, quando é que as obras terminam de verdade? Faltava uma escada ali, um acabamento de rodapé lá, uma quina de piso acolá… Isso sem contar o jardim, que nunca fica como eu realmente queria…

Por que a gente faz isso consigo mesmo?

Por que não conseguimos contemplar nossas conquistas, ao invés de rapidamente partir para outra luta?

Seria a pressa que o trabalho nos impõe?

Seria nosso perfeccionismo exagerado?

Seria a influência do capitalismo?

Seria uma ansiedade patológica?

Não sei… Mas sei que, de uns tempos pra cá, enquanto meus olhos físicos pioram, os da alma melhoram. É saudável nos livrarmos das coisas que não precisamos — e das pessoas também. Manter relações e objetos desnecessários nos tira o tempo do que realmente é importante.

Pisar no freio, às vezes, facilita a contemplação do caminho, e não só do destino. Assim como olhar pra trás ajuda a valorizar o trecho que já percorremos.

Eu faço isso? Não muito, mas com certeza faço mais hoje do que fazia há um ano…
E a tendência é só aumentar, porque o tempo está ando, meus filhos estão crescendo, meus cabelos brancos começando a aparecer. Entre a pressa e o perfeccionismo, a vida acontece.

E quando é que eu vou realmente aproveitar tudo que já conquistei, se ainda tenho tanto o que conquistar? Mas de que adiantam as conquistas se não saboreamos as vitórias?

É sobre isso… Sobre viver e não apenas sobreviver.

Até a próxima!

Léia Alberti
Comunicadora
@leiaalberti
@agencia_bora

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