Santa Catarina conta hoje com mais de 15 mil hectares de área cultivada de maçã, com domínio das variedades fuji e gala. Para que os campos frutifiquem e garantam uma boa produção, é necessário fertilizar cada uma das flores. f1t1z
Hoje, esse processo é feito de maneira artesanal. Colmeias de abelhas são instaladas no meio das plantações, justamente no período de floração, para que a natureza faça o seu trabalho. Mas esse cenário pode mudar com a ajuda da tecnologia.
A Kolecti Serviços Florestais, da cidade de Tijucas, na Grande Florianópolis, tem testado o uso de drones para polinização. Mas, antes, o pólen é coletado com maquinização, processado e depois distribuído. Tudo com apoio de tecnologia.
A solução veio dos Estados Unidos e está em fase de testes em Santa Catarina. Segundo o diretor e proprietário, Júlio César Soznoski, cada drone é capaz de polinizar até 30 hectares por dia e com pólen selecionado e de melhor qualidade.
“Tem regiões com problema muito grande de polinização, de sincronia entre a polinizadora e a planta frutífera. Isso acontece muito. Tem áreas que a gente fez aplicação e deu quase 200% de aumento, fora a questão de qualidade”, destaca.
Segundo Júlio, o serviço de polinização por drone ainda está em fase de teste e pode estar disponível para comercialização a partir de 2023.
Tablet no campo e sistema eletrônico de irrigação

A maior parte dos produtores de maçã em Santa Catarina são pequenos. Cultivam até 5 hectares e contam com a família para tocar as atividades diárias no campo. Uma parcela deles já aderiu às novas tecnologias e sente o resultado.
É o que aconteceu com Lauro Zandonadi, da Fazenda Postinho em São Joaquim. Desde que voltou do Mato Grosso, em 2019, após dois anos de trabalho com grãos como soja e milho, veio determinado a assumir a propriedade da família e a mudar o jeito de plantar maçã, cultivo que está na família há pelo menos três gerações.
Para inovar, Lauro investiu inicialmente em um sistema eletrônico de irrigação. Hoje tem cerca de 30% do pomar com essa estrutura e a ideia é expandir mais 30% até o fim do ano. “Não era comum a irrigação, mas foram duas temporadas de seca no inverno. Minha sorte é que optei por essa tecnologia antes”, comenta.
O produtor aproveitou o mesmo sistema para fazer adubação e já percebeu os resultados. A produção aumentou em 35% em comparação com áreas não irrigadas. Ao mesmo tempo, implantou sensores nas bombas que pulverizam insumos e defensivos com tratores. “Precisamos buscar novas tecnologias e novas ferramentas para nos ajudar a sermos mais eficientes no campo. É isso que precisamos: diminuir os nossos custos. A tecnologia vai nos ajudar a ser mais eficientes e a ter mais lucratividade”, defende Lauro.
Na palma da mão, com ajuda de um tablet, Lauro acompanha os resultados com a ferramenta Field View. Ele sabe, em tempo real, o quanto de produto é aplicado, evitando prejuízos e desperdícios. A técnica da Epagri), Maêve Silveira Castelo Branco, acredita que em uma década a realidade do cultivo de maçã em Santa Catarina será diferente. “Esses jovens já estão mais adeptos às novas tecnologias. Eles querem continuar na atividade, mas pensam em dar um o adiante”.
Confira, até sábado, dia 13 de maio, outras matérias desta reportagem especial que conta como tecnologia ajudou a tornar Santa Catarina líder no cultivo de maça.
Reportagem Gisele Krama
Fotos e Infográficos Gabriela Garcia